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Conheça Eduardo de Senna, novo padre da Arquidiocese de Florianópolis

Conheça Eduardo de Senna, novo padre da Arquidiocese de Florianópolis
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Foto: Arquidiocese de Florianópolis

Lema Sacerdotal: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a Palavra de Deus!”(At 4,31)

Neste sábado, 23 de junho, 15h, a Arquidiocese de Florianópolis acolheu um novo padre. A Celebração de Ordenação Presbiteral aconteceu em nossa Igreja Matriz Santo Antônio, onde Eduardo Cardozo de Senna, 40 anos, natural de Urubici, iniciou sua caminhada. Difícil expressar a alegria de nossa comunidade paroquial por viver esta graça. Durante toda a semana vivenciamos junto ao Diác. Eduardo essa expectativa, com o Tríduo em Preparação para a Ordenação Presbiteral e com os preparativos para o sábado, (23), 15h. Assim como, para a sua primeira missa que aconteceu neste domingo, (24), 10h, também em nossa comunidade, seguida do almoço festivo. Todos tomados por muito amor e carinho, dedicados a este momento tão lindo e esperado.

Movidos por este clima de espera e alegria, nossa equipe da Pastoral da Comunicação – PASCOM, conversou com o Eduardo Cardozo de Senna e fez alguns questionamentos a ele, para que todos pudessem saber mais sobre o novo padre de nossa arquidiocese. Confira a seguir:

PASCOM: Quando e como iniciou a caminhada na Igreja Católica?

Eduardo: Até os 19 para 20 anos eu e minha família participávamos do espiritismo. Cresci dentro desta realidade, porém já na adolescência iniciaram alguns conflitos comigo mesmo. Eu sentia que necessitava de algo a mais, o que eu vivia já não mais me preenchia, só não sabia ao certo o que, nem onde encontrar. Neste momento dois amigos, Jean e Rafael, me convidaram para participar do Grupo de Oração Jovem Sopro de Vida, da Paróquia Santo Antônio, Campinas – São José. Ao chegar no grupo, vi todos aqueles jovens orando fervorosamente. O Padre Márcio Vignoli, na época seminarista, fazia pastoral na paróquia e estava pregando. Tudo o que presenciei, a pregação da palavra, o fervor da juventude fez com que eu sentisse algo diferente. A partir de então, início de 1997, comecei a despertar para uma caminhada com Jesus.

PASCOM: Como foi seu processo de conversão?

Eduardo: Ao sair do grupo naquele sábado eu tive a certeza do que eu precisava, mesmo sem compreender a doutrina católica. O que foi pregado, a oração como foi conduzida, a música como foi ministrada. Eu sempre gostei muito de música. E o ministério tinha bateria, guitarra e eu já tocava um pouco de violão, aquilo me tocou, eu pensei “é isso”.

Na segunda-feira, lembro que faltei a faculdade e fui ao Grupo de Oração adulto na Paróquia. Ao sair daquele grupo, eu estava decidido, cheguei em casa e falei para meus pais: a partir de hoje eu vou ser católico. Eles respeitaram minha opinião.

A partir deste dia eu comecei a me envolver nas atividades da igreja, cada dia da semana uma atividade diferente. Naquele ano de 1997 fiz muitos retiros e essas experiências me deram a possibilidade de conhecer mais os mistérios de Jesus. Experimentei o amor que nunca havia experimentado. Me senti preenchido, amado e de fato feliz.

A partir de então fui descobrindo minha vocação e o processo de conversão foi acontecendo. Logo meus pais fizeram uma experiência também, em um retiro de casais. Meus irmãos fizeram retiro de jovens. Minha irmã foi coordenadora do Grupo de Jovens Sopro de Vida e catequista. Tudo que havia em nossa casa da filosofia espírita deu lugar a Nossa Senhora, a Albertina Berkenbrock, beata que meu pai tinha muita devoção. Então de fato minha família é um milagre, assim como minha vocação.

PASCOM: Quando e como sentiu o chamado a Vocação Sacerdotal?

Eduardo: Tudo gira em torno do ano de 97, lembro que naquele ano o Padre Márcio na época seminarista, me acompanhou, ficamos muito amigos. Ele junto com o Padre Sérgio de Souza, que na época era pároco na Paróquia Santo Antônio, me ajudaram muito neste processo. No final daquele ano, em dezembro, eu disse ao Padre Márcio que eu queria ser padre. Era meu primeiro ano na igreja, mas eu havia sentido esse chamado. Porque por mais que eu já tivesse namorado, nunca me vi casado, com família, esposa e filhos. Então no final daquele ano, em dezembro, após eu sentir um chamado muito forte, em um Seminário de Vida, o Padre Sérgio me levou para o Seminário Propedêutico.

Ao final de 1998 sai do seminário, havia me apaixonado por uma colega de comunidade paroquial e com ela iniciei um namoro que durou aproximadamente quatro anos.

No final do período do meu namoro nós já havíamos percebido que talvez não fosse aquilo que Deus queria de nós dois. Nesta época o Padre Márcio iniciou a Comunidade Divino Oleiro, nos Ingleses. Eu entrei em 2001 para a comunidade e permaneci 12 anos, onde eu fui amadurecendo a minha vocação, fui formado e preparado, até o dia que decidi seguir o caminho que era preciso para me tornar padre.

Na comunidade eu pude vivenciar várias frentes de missão, uma experiência riquíssima onde tive diversas oportunidades e possibilidades. Descobri dons. Tive a oportunidade de morar em locais como o sertão da Bahia, em Muquém de São Francisco e na África, em Guiné Bissau. Durante todo este período eu conheci não apenas a vocação sacerdotal e matrimonial, mas a vocação leiga missionária, que é tao importante hoje na Igreja.

Hoje eu entendo que Deus escreve certo, no momento exato e Ele agiu desta forma comigo. Era necessário eu sair naquele momento para que Deus pudesse me modelar e me preparar melhor. Eu precisava de purificação e formação para retornar e concretizar o meu sim a Deus que dei em 97, diante daquele momento em que eu vivia, de alegria e intensidade.

PASCOM: Como avalia todo esse período de decisão?

Eduardo: Eu vejo que para cada pessoa Deus trabalha de forma diferente. O natural talvez fosse fazer o ensino médio no seminário, que é o Seminário Menor como chamamos hoje. Fazer o Propedêutico, Filosofia, Teologia e seguir esta crescente, se ordenando com 25 ou 26 anos, o natural dos padres da nossa realidade. Comigo foi diferente, senti o chamado na idade que está dentro da expectativa da Diocese, porém fui para o seminário já com 36 anos, acabei fazendo a Teologia antes da Filosofia. Por retornar de uma missão, fiz toda a Teologia na Comunidade Divino Oleiro e no último semestre eu já decidido, conversei com Dom Wilson, que pediu que eu fizesse a Filosofia em Azambuja, onde fiquei 3 anos (2014 a 2016). Lembro que o Dom Wilson disse: Eduardo terás que ter muita paciência. A maioria dos seminaristas eram adolescentes, mas pude aprender muito com eles. A formação no seminário é fundamental, abre a mente e proporciona um entendimento voltado à formação e à vocação sacerdotal. Mesmo sendo mais velho, sempre me senti acolhido e respeitado por todos. Aprendi muito com todos os seminaristas, de diferentes idades. Fiquei muito feliz em ter passado este período no seminário.

PASCOM: Como foi a aceitação familiar?

Eduardo: Foi um processo um pouco demorado, lento. A primeira vez que fui para o seminário, eles não aceitaram. Quando fui para a comunidade também não aceitaram. Acho que eles tinham a ideia que estariam me perdendo. “Vai ser padre, não vem em casa, não estará presente. Vai ser missionário, vai morar fora, não tem final de semana, aniversário, domingo,…” e de fato, vivemos um pouco essa situação. Além disso, minha vocação gerava muitas dúvidas para eles também, porque eu sempre fui de arriscar em minha vida. Mas com o tempo eles perceberam que de fato eu seria padre. Com o passar dos anos, o fato de estarem dentro da igreja fez com que compreendessem o lado vocacional. Creio que o que fez realmente com que eles aceitassem minha decisão foi a ver a mudança nas minhas atitudes, a alegria e a realização que eu sinto.

Quando iniciei a Teologia, meu pai ficou muito feliz e ao final, no último semestre, vivemos um momento difícil, ele descobriu um câncer. E mesmo diante de toda a dificuldade da enfermidade foi um momento de muita graça, porque depois de muitos anos na comunidade, vivendo 12 anos intensos, ausente, puder vivenciar seis meses de muita proximidade com ele, onde conversamos muito. Ele me disse que era uma alegria muito grande para ele ter um filho padre. Infelizmente no dia 01 de junho de 2014 ele veio a falecer, cada dia é uma superação para mim e minha família.

PASCOM: Uma mensagem para as famílias que vivenciam a situação de um filho que fala sobre a vocação:

Eduardo: Eu tenho 40 anos, mas me considero muito jovem. Eu percebo que a juventude é de fato o futuro da nossa igreja. O jovem sonha, idealiza, está sempre me busca de algo a mais, de desafio. Hoje trabalho com a juventude em Tijucas e os animo muito neste dado. Ser um vocacionado do tempo atual. Um jovem que veste calça jeans, que raspe o cabelo, que viva a linguagem do tempo dele.

Nós estamos vivendo um momento muito especial na diocese, o projeto “Em cada Comunidade uma Nova Vocação”. É um mover de Deus, precisamos de vocações. Temos vocação, mas o Padre Vânio tem uma frase muito certa: da alegria de se sentir chamado a alegria de chamar. Eu sou o responsável de testemunhar e fazer despertar no outro a vocação que está dentro dele. Então o que posso dizer é que vale a pena, não devemos ter medo de nos lançar a voz de Deus. E nós que temos uma vocação clara, temos que animar e motivar os demais jovens a descobrir a sua vocação. A minha grande preocupação é ver jovens cansados de não fazer nada, precisamos abrir a porta e mostrar o evangelho jovem para que eles se sintam atraídos e descubram suas vocações.

PASCOM: Quais as maiores dificuldades durante a caminhada de seminarista?

Eduardo: O início do seminário foi de bastante dificuldade, eu vivia em uma comunidade de leigo consagrado, onde eu já sabia o que fazer, a missão… na comunidade eu estava sempre com a mão na massa e de repente no seminário eu me vejo indo e vindo da faculdade, sendo apenas um aluno, um formando, que é importante claro, mas que era difícil para mim. Eu lembro que nas primeiras semanas, a noite, no quarto, eu chorava e pensava: o que estou fazendo aqui. Em nenhum momento sentia dúvida da vocação, mas me sentia incomodado pela falta de ação e também sofria com a distância da família. Até porque junto, nesta época, veio a doença do meu pai. Isso dificultou ainda mais o início da minha trajetória como seminarista. Eu tive bastante liberdade de estar com eles durante a doença, mas eu sentia a falta de estar mais.

Outra dificuldade que enfrentei foi o medo, sempre tive medo de não dar conta do que me era confiado. Tive medo que não dar conta da Filosofia e da Teologia. Esses foram os principais desafios que eu enfrentei dentro do seminário.

PASCOM: Um resumo da vida de seminarista (estudos e trabalhos):

Eduardo: No período de seminário, muitos livros ajudam no crescimento espiritual, mas teve um livro que estudamos em comunidade que se chama “Um longo e belo caminho”, onde trabalha as diversas etapas e fases do vocacionado, especificamente do seminarista. As vezes vamos com uma ideia para o seminário, nos encantamos com tantas coisas que nos são apresentadas. E o seminário nos dá a oportunidade de entender outros lados. Temos apoio para cada fase, para o amadurecimento.

Durante minha trajetória até aqui trabalhei na Paróquia Sagrado Coração de Jesus nos Ingleses. Como seminarista atuei na Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Nova Trento, que agora é Paróquia São Virgílio. E, como Diácono trabalhei na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Paulo Lopes, com Padre Joselito.

PASCOM: Onde deve atuar neste início de Vida Sacerdotal?

Eduardo: Eu hoje atuo na Paróquia São Sebastião em Tijucas, desde 11 de janeiro, que tem como Pároco o Padre Elizandro Scarsi, devo permanecer pelo menos até final do ano. Lá desenvolvemos um trabalho muito legal com a juventude. Grupos estão sendo formados. A Missa Jovem, uma vez por mês, também tem movimentado bastante a igreja, ela reúne muitos jovens. A missa acontece sempre na segunda sexta-feira de cada mês, 22h30 da noite, para dar a possibilidade dos jovens estudantes e que trabalham participarem.

Ajudo ainda no Grupo Bíblico em Família, Catequese… sendo ordenado fico como Vigário Paroquial, no lugar do Padre Jonathan Speck Thiesen Jacques que foi para a Alemanha.

PASCOM: O que falar sobre o Grupo de Oração Jovem Sopro de Vida?

Eduardo: Percebo que não apenas o Grupo Sopro de Vida, mas a Paróquia Santo Antônio foi um grande mover de inspiração para outros grupos. Vejo o Sopro como meu despertar inicial, sou muito grato, vivi uma história muito bonita, pude crescer de certa forma espiritualmente. Fico feliz em ver a permanência deste grupo, com jovens dedicados, sempre sustentados com muita fé. O sentimento é de gratidão.

PASCOM: Gostaria de deixar algum recado?

Eduardo: O meu sincero agradecimento, a minha família, meus amigos, a Igreja, a Paróquia Santo Antônio que sempre me apoiou na caminhada. Muita gratidão a todos os benfeitores, padrinhos de Ordenação Diaconal e Presbiteral. O mais lindo é ouvir das pessoas que me encontram que estão rezando por mim, eu me sinto abençoado por Deus através do povo. Desejo que Deus esteja abençoado a cada um.